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Com a Palavra CVG RS - 001/2024

Atualizado: 20 de fev.



Introdução presidente Jean Figueiró:


Não vou fazer uma retrospectiva de 2023, deixo a cargo da imprensa especializada, no entanto, não posso deixar de registrar que foi um ano de insegurança, expectativas, muito trabalho e perdas. Novo Governo, vivenciamos conflitos no velho continente, sentimos na pele em nosso estado a revolta do clima, numa clara demonstração que precisamos rever nossas ações para preservação do meio ambiente.


Também foi um ano que manteve o crescimento na carteira de seguros de pessoas superando mais de 50 bilhões em prêmios e devolvendo para sociedade mais de R$ 12,5 bilhões em indenizações de sinistros. Este volume todo de seguros somente foi possível com a ajuda dos profissionais corretores de seguros e de todos aqueles que atuam nas seguradoras preparando produtos para atender as necessidades da sociecdade.


O CVG RS preparou um 2024 cheio de novidades, com o objetivo sólido de conscientização da cultura securitária e ampliação do nosso mercado, estaremos mais do que nunca perto de nossos associados e todas as entidades comprometidas em proteger e ampliar a cultura securitária. Tivemos no final de 2023 a despedida de um pioneiro na venda de seguros de pessoas, que com sua dedicação deixou um legado de mais de um milhão e seiscentos mil clientes, nosso querido Caburé.


Nosso primeiro “Com a palavra” tem um artigo escrito com muito amor e conhecimento do nosso conselheiro Carlos Josias Menna de Oliveira: “Um cometa chamado Caburé”. Desejo a todos um maravilhoso 2024.





Um cometa chamado Caburé


Luiz Carlos da Silva, o Caburé, é mais do que uma lenda que não fica restrita ao seu ramo de atividade, onde se consagrou como vendedor, o seguro. É um personagem da história da cidade de Porto Alegre.


 Nascido de família muito modesta Caburé se criou no famoso Arraial da Baroneza, em frente ao Bar do Macalé – um gordo sargento da reserva da BM que nas noites de Carnaval era o Rei Momo da festa – na verdade existiam dois Reis Momos, um branco e outro negro, Macalé era o branco, o negro era o Lelé, quem quiser saber bem desta história procura na internet  texto de Fabio Verçoza, uma joia preciosa, que conta esta rivalidade que findou com a conciliação entre ambos Monarcas. Arraial ou Areal, era a denominação histórica do local, cidade baixa, que fora, no passado, uma chácara semi-rural, isto no século 18.  


A chácara era de um Barão – do Gravataí – título concedido Por Dom Pedro, e que na morte transferiu para a esposa a honraria deferida – Baronesa. Em 1964 quando conheci o lugar já não era mais, claro, a propriedade rural da origem.


Comunidade, então urbana, que havia se formado com forte presença e influência negra, berço das rodas de samba e boêmia da cidade que nas festas de fevereiro era invadida por blocos, banda e foliões de todas as gerações, numa celebração à vida e à alegria.


 Muitas das chamadas ´de religião` se estabeleceram no local, sendo talvez a mais famosa e reconhecida a Casa da Dna. Mércia, se a memória não me trai na grafia, mãe do Nelson e avó do Domingos –meu amigo que a vida separou por termos seguido rumos diferentes - meus vizinhos – casas não geminada mas ´pegadas` - quando vim de Rio Grande, em 1964, trazido pelos meus pais que não suportaram a distância da minha irmã mais velha, a Marilene, que para a capital se transferiu face casamento. 


Ficamos estabelecidos no número 249, entre a religiosidade da Dna. Mércia e a da Casa da Chiquinha, também adepta da religião, e logo adiante da família do Seu Babá, pai de vários filhos e filhas, entre eles Claudio Fernando da Silva, Volnei e ele, Caburé.

A Rua Baronesa do Gravataí saía da República e findava na Barão do Gravataí. Tudo ali perdeu para a especulação imobiliária. 


A casa onde morei cedeu para  Érico Veríssimo que lhe atropela, e lá se foi a maioria do que  por ali  habitava, soterrando a história.


Eu era um adolescente no despertar da vida, tinha lá meus 08/09 anos, e não conheci Caburé ali senão, já naquela época, pela fama. Quem era, o que fazia ou o que aprontara e ou por onde andava o furacão.


Pelas minhas lembranças, Caburé já teria começado no setor, tendo ultrapassado a famosa história do caminhão de melancia, o período de garçom no Rio de Janeiro, e passado por Minas Gerais, onde Dna. Zélia recortou um anúncio de emprego no jornal, para vender seguro de vida.


Já era vendedor de seguros em 1964 quando meus pais e eu chegamos perto do local onde iniciou suas aventuras. Estava começando uma carreira notável.


Daquela época recordo histórias contadas que envolviam os bares da região, talvez o Copacabana, que ele tanto gostava e frequentou durante boa parte de sua existência e algumas em partidas de sinuca.


Fui conhecer o Personagem que já me parecia ser uma ficção, em 1970, nos meus 14 anos. Caburé já tinha perto de 40 anos. Meu pai entendeu de que estava na hora e que eu devia trabalhar, bendita hora que pensou assim. E pela mão me levou na então Assicurazioni Generali de Trieste e Venezia. Havia laços de amizade entre meu pai e o Gerente, Claudio Fernando da Silva – irmão do Caburé. E assim comecei meu primeiro emprego no 4º andar do Edifício Fronteira na Av. Borges de Medeiros, 308.


No segundo andar, dois abaixo da Generali, alí estava a VG Corretora de Seguros. Sim, dele, Caburé, o Furacão.


Muitas e muitas vezes desci ao segundo andar, de início para entregar ou apanhar documentos de uma para outra empresa, depois de um tempo ia para sentar e ouvir as histórias que aquele homem Magistral contava com tanta dramaticidade e graça que te faziam chorar e rir.  


As histórias eram as da vida dele. Qualquer dia destes volto e conto algumas.


Na casa da Baronesa havia, no pátio, uma Figueira, que eu brincava e falava. Quando o trator destruiu tudo se foi e com o tudo a figueira, tal qual o pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos.


Quando 2023 levou o Caburé, foi, para mim, como se tivesse levado o Portuga do Zezé.


Ele foi mágico para todo mundo.


O Cometa Halley passa pela terra de 76 em 76 anos


Outro Caburé, só daqui a 90.


Saudações, 

Carlos Josias Menna de Oliveira

Advogado

Conselheiro do CVG RS

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